Autor: Pedro Fagundes de Borba
A palavra democracia é, antes de tudo, um termo abstrato. Abstrato porque ele está mais vinculado a uma governança do povo, a uma forma do povo exercer poder do que há uma forma específica do que algum modelo de governo específico. Ainda que existam formas de governo mais autoritárias que outras, a democracia invoca primariamente um sentimento de poder popular, de ação e organização do povo que está além dos modelos governamentais existentes, ou dos mais diversos tipos de governo que existe pelos vários países do mundo. Atualmente, a ideia de democracia enquanto modelo governamental evoca principalmente a República, com seus vários formatos. Ainda que elas sejam mais democráticas que monarquias ou ditaduras militares, não é em si a pura essência democrática, ainda limitando muito o poder do povo.
O que se pode medir nas Repúblicas, e em outros sistemas políticos, é o quão democráticos são estes. Baseado, sobretudo na maneira como o governo cuida de seus cidadãos e se relaciona com eles, de que forma organiza a sociedade na qual exerce poder. A maneira como supre necessidades e administra a sociedade. Neste aspecto, diversas Repúblicas do mundo exercem tal função de diferentes formas, a maioria bem mal. Neste texto, pretendo comparar a República Americana, mais conhecida do mundo, e a brasileira, também uma das maiores do mundo.
Embora sejam ambas baseadas no sistema presidencial, com eleição de presidente, governadores, prefeitos, deputados, senadores e vereadores, os aspectos são muito distintos entre si, tendo formas políticas bastante diferentes. A principal dela é a questão do multipartidarismo brasileiro e o bipartidarismo americano. No segundo, especialmente, fica muito limitada a política interna, deixando a mercê de dois partidos, democratas e republicanos, que dominam o sistema político dos EUA desde sua Independência.
Para além da já inerente pouca variação política, o que limita a democracia, também são dois partidos praticamente sem diferença ideológica e de caminho, um sendo capitalista liberal e o outro capitalista conservador, ambos de direita, portanto. E tendo nenhuma diferença em termos de política externa, ambos sendo defensores do intervencionismo e de atacar outros países para sabotagem política e espionagem. Ambos ficam a mercê dos interesses dos grandes grupos dos EUA para fazerem política. Existem vozes mais a esquerda lá, mas não há uma forma de organização partidária forte para que estes possam ter poder.
No caso brasileiro, há várias diferenças a se considerar, especialmente em termos de poder, não necessariamente influência, geopolítica, a dos EUA sendo infinitamente maior, principalmente por a principal central do capitalismo, logo tendo mais poder no sistema político. Isto reduz bastante a força brasileira política, com bem menos influência. Porém, o multipartidarismo brasileiro é mais rico. Ainda que os partidos continuem muito refém dos grandes grupos econômicos, nestes casos brasileiros e internacionais, tal como nos EUA, o multipartidarismo brasileiro permite maior expressão política e mais pensamentos políticos. Ainda que tenham muitos partidos vazios, de aluguel como se diz, a possibilidade de ter estes vários dá mais espaço político no Brasil. Além da eleição ser direta, sem a barreira de delegados. Tal organização política por vezes assusta os EUA.
Essencialmente, com estas diferenças, o modelo político brasileiro se mostra melhor por ter mais partidos. Não tem a força econômica americana, mas isto pela própria organização política e pelo papel dos EUA na economia atual. Além de que muito da riqueza americana e europeia depende diretamente da exploração de muitos países pobres, incluindo o Brasil. O sistema político brasileiro é melhor, embora tenha mais falhas, por fatores diversos. Há vários problemas nele, mas a estrutura é mais democrática, por dar mais espaço real. A organização política também consegue conceder mais benefícios e direitos. Não funciona como deveria por não ter um poder econômico mais expressivo e bem distribuído, além de explorada por estrangeiros. Mas é uma boa estrutura e organização política.