Autor: Pedro Fagundes de Borba
Com as mudanças e descobertas que foram surgindo no mundo, principalmente a partir do século XIX, o espiritismo se consolidou como uma religião, uma leitura cristã muito próxima de diversos destes fenômenos. Com o crescimento científico a partir desta mesma época, com novas coisas sendo sabidas, as questões teológicas e espirituais ganharam também novas saberes e pensares. Não invalidava nada do que já se sabia ou pensava, mas engrandecia, trazia mais pontos e aspectos para estas mesmas coisas.
Tendo surgido no meio deste processo, mesclando algumas aparições espirituais nos Estados Unidos com os conhecimentos e saberes do professor Rivail, Allan Kardec, codificou-se a doutrina espírita em 1857, através do Livro dos Espíritos. O processo científico estava ainda em crescimento, mas já com várias de suas bases. Da qual Rivail soube bem ver as relações, a presença de Deus, Inteligência Suprema, e o que está na essência do mundo e universo, permitindo esclarecer muitas coisas.
Em cima disto, elaborou o triplo aspecto, ou tríplice aspecto. No qual se colocou o religioso, científico e filosófico. Falando mais dos dois primeiros agora, neles se trouxe uma série de aspectos do conhecimento da ciência recente, como maneira de desvelar e descobrir aspectos do mundo presente. O que dava explicações diversas para coisas que existem e acontecem, mas que se mostravam insuficientes para dar uma visão de tudo existente, explicar a tudo isto. Pois Deus e as questões transcendentais ainda carregam consigo a verdade, mostrando que as coisas estão muito além do que sabemos ou pensamos saber. Assim mantém-se a questão e ligação religiosa, ao mesmo tempo em que se percebem nuanças e saberes presentes no mundo.
O aspecto filosófico presente se mostra na capacidade e ideia de se filosofar, perceber a complexidade do mundo e a insuficiência de nossos saberes perante tudo que existe e é real e assim estar sempre atento e questionador aos aspectos e coisas que surgem na vida, mantendo viva a capacidade de saber e trazer mais coisas. E nele se consegue ver o que já mudou e especular o quanto ainda mudará. Desses modos fica-se constantemente trazendo aspectos percebidos e mais realizados.
Triplo aspecto permite assim que se continue vendo a existência divina ligada aos demais aspectos do mundo, é a essência espírita. Estar sempre atento a Deus, seus sinais, os mistérios, os diversos aspectos ligados e, não menos, também ter a sensibilidade e percepção para a vida. Assim Kardec conseguiu trazer uma maneira que se encara as coisas, sempre em profunda atenção com as coisas a volta. O espiritismo mantém sua força em cima disto, sempre vendo como a realidade está e o que o triplo aspecto vai revelando.