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Pedro Fagundes de Borba

Autor: Pedro Fagundes de Borba

Coesão social

10/12/2023 - Várzea Paulista - SP

     Sendo um autor muito lembrado pelo seu conceito de coerção social, baseado na ideia do indivíduo ser formado e coagido pela sociedade na qual vive e é formado, Émile Durkheim também trouxe importantes ideias relacionadas ao oposto, a ideia de coesão social. Se a coerção obriga o indivíduo a fazer parte de um molde social, uma vez que a sociedade assim se estrutura, a coesão pelo contrário é formada por indivíduos que se sentem parte de um mesmo grupo, compartilham ideias em comum. Por isto se unem para fortalecer e praticar tais ideias.

      A coesão pode ser de natureza política, religiosa, associativa, esportiva, artística, cultural, militar entre diversas outras. O mais importante e básico dela é que seja algo formado por pessoas, a partir de coisas ou questões comuns. Nela não se é forçado a fazer parte, por qualquer forma ou meio, mas sim que se faz por interesse, vontade e identificação própria. Isto traz consigo uma série de ações, disposições e ideias que passam a ser defendidas, formando um grupo que por elas é guiado e as coloca com uma pauta para estabelecer e defender.

     Por ser de entrada voluntária, seus membros não apenas se sentem mais plenamente pertencentes àquela coesão quanto também possa nela se colocar mais inteiramente, sentir que estão sendo parte e ajudando plenamente na difusão de uma maior ideia pela qual vale à pena lutar e defender. Com uma questão de identidade, pertencimento e, sobretudo, identificação, o membro vê que aquilo que defende cresce e se espalha, em diferentes escalas. O que também gera uma comunidade, ou ao menos uma confraria, relacionada com aquele todo defendido, aquilo que se está buscando e defendendo internamente. Garante-se assim a coesão social, justamente por ser algo em que os membros defendem e querem fazer parte.

    Ao mesmo tempo em que se podem encontrar elementos coercitivos nas coesões. Pois conforme cresce e aumenta vai também ganhando ares e controles que, se não escapam daqueles para os quais se sentem parte, tornam-se também, em alguns níveis, certo fator coercitivo, criando uma identidade coletiva que pode atingir a outros. Pois uma vez formado o grupo ninguém é nele obrigado a entrar, mas, caso faz, terá de respeitar as regras e ideias deste. Não é o mesmo que a coerção social, pois esta é inescapável em sua respectiva sociedade, porém existem fatores coletivos que se mantém e impõem aos membros. Os quais são importantes para as ideias defendidas coesamente pelo grupo, mas que podem encontrar estes paradoxos.

     Se as sociedades são bastante coercitivas, pois há uma série de fatores e de ideias que precisam ser seguidos para que se viva socialmente e se organize, também não são suficiente os fatores coercitivos para o estabelecimento social. Pois nem tudo consegue ser estabelecido na base apenas da coerção e força. Muitas coisas precisam do consentimento e da participação dos cidadãos para ocorrer. Não necessariamente de maneira consciente ou consentida, mas de se ser parte daquilo e estruturar a vida naquela forma. A coesão às vezes também se manifesta de maneira a levantar ideias que estão na sociedade, ou que serão úteis a ela em alguma maneira, assim passando a fazer parte da coletividade social. O que também se tornaria parte da coerção coletiva total, dependendo da importância e do tamanho que esta coesão antiga se formasse. A coesão se forma entre indivíduos na sociedade geral, vivendo as coerções que passam a defender ideias. Seguem sendo defendidas, à medida que mais pessoas passam a querer. Se as sociedades têm coesões e coerções, os que nela vivem sentem as duas e tem as duas. A estruturação social lhes estrutura a vida, na qual eles se enxergam e se pensam, tendo outras ideias.         

 
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