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Pedro Fagundes de Borba

Autor: Pedro Fagundes de Borba

Regionalismo gaúcho

29/10/2023 - Várzea Paulista - SP

      Uma das expressões mais fortes da literatura brasileira, tendo suas raízes no romantismo nacional, é o regionalismo. Tendo tal estética se consolidado com as obras regionalistas de José de Alencar como “Til”, “O sertanejo” e “O gaúcho” estiveram desde então, de maneira onipresente em quase todas as variações regionais, as quais frequentemente fazem referência ou trazem aspectos do romantismo. Alguns de maneira bem forte, como os regionalistas românticos e/ou realistas da segunda metade do século XIX. No caso gaúcho, o livro deste período que mais se destaca é “O vaqueano” de Apolinário Porto Alegre.

      Durante o pré modernismo, principalmente durante a década de 1910, houve uma nova onda regionalista em diversos estados, o Rio Grande do Sul incluso. Na década em que São Paulo começava a falar mais sobre o caipira, já visto desde a época de Almeida Júnior, o Rio Grande redescobria e repensavam seus gaúchos. Deste período se destacaram os autores Darcy Azambuja, Amaro Juvenal (Ramiro Barcelos), Alcides Maya, Simões Lopes Neto e, na crítica literária, Augusto Meyer. Os autores falam novamente sobre o gaúcho, bebendo bastante nas fontes românticas, mas trazendo novos aspectos. Como as mudanças na vida campeira entre os períodos e a forma de ver os gaúchos. Os quais continuavam vagando pelo Rio Grande com sua cultura e tradições, mas com novas questões e formas de ver e sentir a vida. Presente especialmente em Simões Lopes Neto. Dilemas humanos mesclados com a realidade e História gaúcha.

     Porém, um aspecto que até então não tenha sido contemplado, era o aspecto social gaúcho. Apesar de falar das mudanças da vida, pouco tinha sido visto e explorado este lado da realidade. Pois a realidade e os problemas sociais estavam também presentes diretamente na vida dos gaúchos. Sobre isto, o escritor e militante comunista Dyonélio Machado escreveria mais tarde, já em 1945. Onde destacava as diferenças entre peões e patrões, as desigualdades inerentes e o cenário e a cultura regionalista presentes nestes, já em processo de desaparecimento, segundo o autor. Os fatores sociais, ainda que não em sua dimensão política, seriam relativamente trazidos mais tarde pelos cantores nativistas, os quais trouxeram sofrimentos, problemas e a vida rural no RS de então, ainda que não falassem em política, nas contradições das estâncias e das formas de trabalho.

     O regionalismo gaúcho, como os demais regionalismos nacionais, traz os aspectos próprios de sua região, aumentando e permitindo ver mais e melhor como aquela área é dando particularidades a ela. Como uma faceta deste fenômeno literário nacional, que sempre volta de alguma maneira, sendo ainda bastante forte no Rio Grande do Sul. Constitui uma parte da história e da cultura muito profundas, sendo sempre marcada e lembrada. Os vários aspectos da realidade colocados foram relevantes e ainda fazem ver. Uma visão do local, permitindo entender profundamente este local.  

 
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