COLUNISTAS
Autor: Pedro Fagundes de Borba
11 de setembro
10/9/2023 - Várzea Paulista - SP
Quando, em 11 de setembro de 1973, os EUA derrubavam o presidente chileno Salvador Allende, davam mais um passo na operação Condor, tirando um governo democraticamente eleito. Allende tinha feito a nacionalização de diversas minas de carvão e cobre principais fontes de riqueza chilena. Também fez a estatização das companhias telefônicas, aumentou intervenção nos bancos e reforma agrária, desapropriando grandes terras improdutivas e fazendo redistribuição. Possuía uma proposta de fazer uma transição para o socialismo dentro das vias da república e da eleição, uma maneira democrática. Contrariando os modelos adotados por outros marxistas do século XX. E mesmo o próprio marxismo, que via a impossibilidade de fazer a revolução através das instituições burguesas.
Neste contexto, como já havia ocorrido em outros países da América do Sul, começa a haver uma forte oposição da direita nacional ao presidente eleito. Que encontra eco e apoio na cruzada anticomunista dos Estados Unidos no mundo inteiro, mas especialmente na América Latina, área onde, há muito tempo, exerce controle militar e político. Em outros países, cujos presidentes possuíam discursos menos revolucionários, buscando mais um caminho de reforma e modificação do capitalismo. E mesmo assim já tinham sido derrubados. No Chile, com um presidente se declarando socialista não seria diferente.
O que significou um golpe de estado, em 11 de setembro de 1973, cinquenta anos atrás. O qual, assim como nos demais países sul americanos, foi destruído e enfraquecido pelo golpe. Quando estava num caminho crescente, enfrentando suas desigualdades e problemas. Brasil tinha reformas de bases, Chile tinha as medidas socialistas de Allende. O qual foi derrubado. Se no Brasil, ainda que de forma autoritária e excludente, ainda houve alguma manutenção do estado e de pequenas medidas sociais, o Chile de Pinochet foi o laboratório do neoliberalismo. No qual foram colocadas as medidas ultra liberais, retiradas de direitos, privatização da previdência social. Tornando quase tudo privado. O que reflete até hoje no país, onde se torna difícil e caro se aposentar. Um país que estava para enfrentar problemas os agravou severamente.
Escancaram neste momento as contradições e fragilidades da chamada democracia burguesa. Pois governos democraticamente eleitos pela população foram derrubados pelo exército nacional e pelo governo americano. Se a democracia se coloca como o governo que permite mudanças e discussões políticas, de maneira dita livre, nestes momentos vemos como ficam em xeque, que talvez sejam apenas os instrumentos de dominação da classe dominante. O 11 de setembro, completando 50 anos, seguirá sendo um exemplo emblemático desta situação. E o 11 de setembro de 2001 se une a ele, como um momento de morte de inocentes e de coisas injustificáveis.