Autor: Pedro Fagundes de Borba
Se, em sua máxima principal, “Fora da caridade não há salvação” Allan Kardec sintetizou pontos importantes sobre a postura e filosofia espírita, dando bastante importância a bondade e atenção direta humana, ainda chega a aspectos superficiais da política. Em seu tempo a política já começava a ser revista e pensada em novas formas. Em parte pela influência da Revolução Francesa, que fazia florescer os ideais de liberdade, igualdade e fraternidade, o que acabou gerando a hegemonia capitalista que ainda temos. Além desta influência das mudanças políticas também se encontravam os pensamentos que irão embasar a sociologia. Neste caso, muito especialmente, o positivismo comtiano.
Ainda que o professor Rivail não fosse diretamente político, já pode ser feito uma inferência e levantamentos políticos. Manifestos principalmente porque moralmente a máxima espírita é de grande sabedoria, é insuficiente politicamente. Pois resume demais os problemas e desigualdades sociais a questão de falta de caridade ou ação individual incorreta. Quando o problema é diretamente político e coletivo. Citando o católico Dom Hélder Câmara: “Quando dou pão aos pobres me chamam de santo; quando pergunto por que são pobres me chamam de comunista”. Nesta contradição fica explícita a questão política expressa. Pois mesmo uma caridade como dar pão aos pobres é vista como algo bom, a ser praticado. Mas perguntar por que são pobres quais as ações políticas e econômicas que criam esta situação passam a serem vistas como uma ação errada a ser combativa. O que também demonstra que, se fora da caridade não há salvação, ela sozinha se mostra insuficiente, devido às contradições políticas serem mais profundas e difíceis de resolver do que apenas uma ação bondosa.
Já enxergando esta profunda questão política instaurada, alguns autores espíritas escreveram sobre o socialismo. Léon Denis, um dos mais importantes, falava sobre a importância do socialismo e de sua forma. Defendendo que o bem da humanidade, em consonância com a moral e os ideais espíritas, seria através de uma organização socialista. Embora criticasse fortemente o socialismo soviético, o atribuindo grandemente ao suposto espírito bárbaro dos russos, defendia que seria necessário o socialismo, que seria alcançado pela política francesa ou britânica, as quais seriam mais organizadas e por isso alcançariam melhor.
Ainda hoje o tema permanece aberto, demonstrando o momento e situação em que estamos encontrados. O capitalismo tem agravado as desigualdades e a pobreza, aumentando seus problemas intrínsecos. Também tem destruído importantes aspectos sociais que foram conquistados, especialmente na questão de direitos trabalhistas e outras políticas já estabelecidas que diminuam os atritos e problemas relacionados. Também melhorando as condições e qualidades de vida. Nesta situação com tudo se agravando, a política irá se agitar novamente, criando novos caldos e condições. Nestes momentos deverão estar sempre os espíritas atentos para ver onde se poderá agir para melhorar a vida comum dos espíritos. E fazer ação política, associada com seu conhecimento, para se atingir isto.