Autor: Pedro Fagundes de Borba
Um dos libertadores da América menos comentado na América do Sul. Talvez por não ter feito parte do grupo ou não ter tão tanta similaridade quanto estes tem entre si. Mas é um dos libertadores, sem dúvida alguma, e um dos maiores. Estava no México, distante de figuras como San Martin, Simon Bolívar, Dom Pedro I ou José Artigas. Vivia em uma porção um pouco diferente do continente. Seu espírito e suas ideias não eram, de modo algum, menores ou diziam menos a respeito da libertação latina.
Padre da cidade de Dolores foi quem deu toda a base para a independência mexicana, se tornando um dos grandes símbolos do país também, principalmente sua política e identidade, sendo homenageado em todos os cantos de lá. Usava a santa nacional, Virgem de Guadalupe, como símbolo. Seu discurso que inicia a luta de independência, o Grito de Dolores, tinha entre suas frases aquelas que mais marcariam a emancipação: Viva a América, viva a independência, viva a Virgem de Guadalupe, morra o mau governo. Também um conhecedor das ideias liberais que começavam a se desenvolver na Europa com a Revolução Francesa, se baseava e se inspirava muito nelas.
Tinha então um projeto de país e de religiosidade que moldaram muito do que viria a ser o México. Além de sua associação e devoção a uma das figuras mais cultuadas do país, que é a Virgem de Guadalupe, que ainda tem um imenso número de devotos. Alguns se declarando não católicos, mas devotos dela como religião. A partir disto, se desenvolve uma cultura e uma camada política formidável, quase uma rainha nacional espiritual, a qual protege e fortalece o povo. Miguel Hidalgo, Emiliano Zapata e tantas outras figuras fundamentais viam nela uma rainha, uma força que levaria a vitória e justiça.
Hidalgo foi, entre os libertadores, talvez o mais profundo e admirado. Não chegou a ver seu país independente, muito menos o governou, tendo sido fuzilado pela inquisição espanhola no México antes. Mas, já na época deixou tão forte legado que admiradores continuaram o movimento, levando a libertação. Por ter um espírito tão forte, com tantas ideias, associado com a realeza da Virgem de Guadalupe, trouxe forma e ideais altamente admiráveis para serem vistos.
Mais do que outros até, ali havia alguém com enormes ideias e um caminho a por. Ajudou a criar um país e uma cultura política, imperfeita, mas voltada em si. Ainda que venha falhando no século XXI foi grande por muito tempo. E voltará a ser. Hidalgo e a Virgem carregam, cada qual a seu modo, um desenho de realidade e um jeito de por a política que tem muito valor e significado para toda a América Latina, uma fonte de libertação e organização, principalmente. Espírito elevado o de Miguel Hidalgo, pode ainda nos inspirar e fazer ver muito sobre nós e nossa realidade política e religiosa. E ajudar a destruir os maus governos.