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Pedro Fagundes de Borba

Autor: Pedro Fagundes de Borba

Um país profundamente cristão

29/7/2023 - Várzea Paulista - SP

    Religião costuma ser um dos fatores centrais nas culturas e, muitas vezes, mesmo na sua política e pensamentos. Pode também criar fatores e questões locais, em diálogo com a realidade cultural e a constituição e características daquele povo em questão. Tendo isso em visto, são questionáveis o quão laicos são de fato estados, ou o quanto são moldados em questões religiosas, mas precisarei de um texto só pra divagar sobre este fator.  

    Se por um lado o cristianismo é a religião majoritária na maioria dos países, também há outros em que é minoritário e aqueles em que é muito dividido. Em termos de divisão, um país onde esta isto é muito visível é o Líbano. Poucos países possuem uma diferença religiosa em números tão pequenos, o que o torna basicamente um país metade cristão e metade muçulmano, com pequenas outras minorias religiosas e o ateísmo. Nesta cisão, encontram-se diversos conflitos e disputas territoriais e de religião. Em parte por que a própria existência do Líbano, enquanto país é fortemente questionada por alguns setores muçulmanos do país. E pelos sírios também.  Embora haja diversos setores islâmicos defendendo a pátria e a unidade libanesa, os cristãos do país possuem um papel e uma valorização desta ideia nacional maior.

   O que termina fazendo o cristianismo libanês um cristianismo muito forte. Por estar em constante conflito e, especialmente, por ter um constante questionamento do que é e do que defende. Por assim ser, termina sendo um país que sente as questões cristãs em veia, tendo de levantar o real e o que precisa ser feita. Não é uma boa situação, pois está em estado e tensões de guerra, mas acaba acontecendo. Nisto, o que surge, diretamente falando é que acaba sendo algo que bebe muito forte disto. Já tendo sido um país de maioria cristã, hoje tem 40% da população nesta religião, de maioria maronita.

   Para além destas questões de guerra e conflito, o país possui uma veia e uma presença cultural muito forte do cristianismo, desde São Maron, fundador da vertente maronita. O que dá ao país um jeito diferente de ser, tendo também certos sincretismos. Um de seus templos, Nossa Senhora de Harissa, embora seja cristão, é comum ver também muçulmanos nele rezando, até por Maria também ser sagrada no Islamismo. O que dá ao templo um sincretismo e união muito únicos, se não for o único local do mundo onde cristão e muçulmanos rezam conjuntamente. O que, mais do que outra coisa, demonstra o poder de Maria. O país tendo este jogo político e religioso guarda junto uma forte cultura que permite enxergar religião, política, as relações entre ambos e entre os diferentes grupos e religiosos. Próximo a Cristo, consegue ter esta proximidade com o que existe.

 
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