COLUNISTAS

Autor: Pedro Fagundes de Borba

A antítese da liberdade

9/4/2023 - Várzea Paulista - SP

     Necessidade. Esta palavra é, por definição, a mais completa antítese da liberdade. Ambas são excludentes. Onde há uma não há a outra. Onde há necessidade, não há liberdade. Pois, quando se precisa de algo, se está preso a ele.  E esta necessidade sempre precisa ser atendida, pois sem ela o necessitado desaparecerá. Portanto, o necessitado está preso aquilo, fazendo com que não possa ser dispensado. Pode-se viver com as necessidades supridas sem liberdade, mas é impossível a liberdade sem as necessidades supridas. Então, há nisto uma relação direta de dependência.

    Com isto, vemos o quanto à necessidade torna as questões amarradas e presas. Isto pode ser levado para diversos níveis e formas, porém sua principal aplicação é no campo social. Porque as necessidades sociais são as mais determinantes e limitantes. Quando não atingidas, limitam por completo a vida do sujeito para com a qual estão sobrepostas, normalmente necessidades financeiras ou a mais completa falta de dinheiro. Tais condições impedem que se possa viver e desenvolver suas faculdades e potencialidades.

     Neste problema também residem, diretamente, as contradições e problemas sociais. Pois o capitalismo, em sua organização e forma de ser, sistematicamente marginaliza pessoas em condições das quais suas necessidades não podem ser supridas. Suas contradições e problemas postos criam pobrezas e necessidades intensas, as quais não são supridas. Uma vez não supridas, faz com que a maior parte de sua população fique a mercê de suas necessidades, impedidas de fazer e exercer suas funções e capacidades. Assim sendo, tal situação se mostra um ponto de problemas e de aumento das questões sociais, e de como podem ser resolvidas, dissolvendo ou diminuindo a quase nada as necessidades.

      Com isto, o capitalismo nunca resolveu e provavelmente nunca resolverá sozinho. Pois sua essência é esta. Porém, como políticos e humanos, o que pode ser feito é um entendimento de suas estruturas e mecanismos, para que se possam atacar e modificar. Sabendo a maneira que isto funciona, fica possível ver como mudar aspectos, fazer com que seja mais social, se possa agir dentro daquilo e criar uma política melhor. Pois tais situações só podem ser modificadas com tais intervenções, que levam a nova organização institucional e permitem algumas melhoras nas maneiras sociais. Usar a política e ações para que o capitalismo seja fortemente modificado, criando políticas que possam contrariar suas formas.

     A partir de tais pontos, se tem alguma possibilidade de se fazer melhorias sociais e fazer a sociedade ficar com estas. O que, com menos necessidade, pode resultar em pessoas podendo fazer mais coisas, tendo mais espaços e podendo se desenvolver melhor. Por isso, se teriam algumas condições melhores, com alguma liberdade autêntica. Somente com enfrentamento aos problemas sociais se verá melhoras reais e se poderá viver em uma sociedade que de fato as pessoas se desenvolvem e tem suas faculdades. Assim é a única maneira de se aumentar as coisas boas da vida.