Autor: Pedro Fagundes de Borba
A partir da ideia e da definição do Aleph por Jorge Luis Borges, muito se pode ser extraído, tanto do espiritismo, quanto do universo e da relação entre estes fatores. No conto escrito pelo autor argentino, a ideia principal, sobre a qual puxarei as ideias, é o que é o Aleph. Sendo a primeira letra do alfabeto hebraico, se torna outra coisa na história. Pois é um ponto em que se consegue enxergar todo o universo, e tudo que há nele. Fica embaixo de uma escada, em uma casa de Buenos Aires.
Tal ponto já é uma ideia bastante borgiana, uma vez que sempre traz um tema bastante recorrente em sua literatura: a composição e complexidade do universo associada com a ideia da totalidade, de se entender o universo ou, ao menos, abarcar sua composição e bases. Neste sentido, reside um dos pontos mais importantes e clássicos já tanto levantados pelas pessoas, que pode trazer a tona diversos questionamentos e ideias. Pois, estando todos nós cercados pelo universo e pela vida, sem qualquer explicação certeira ou transcendental, o que fazemos é estudar e especular.
Nisto, diversas áreas e conhecimentos surgem. A literatura, por estar relacionada com as angústias e proximidades humanas mais certeiras, consegue representar e levantar coisas muito próximas aos humanos, chegando a pontos e lugares que outras coisas não chegam, atingindo assim grande profundidade. No caso do conto do Aleph, consegue trazer uma síntese importante do universo e de como organizá-lo e vê-lo. Através da ideia deste ponto onde se enxerga tudo, muitos questionamentos sobre o universo e o que o compõem vem à tona.
O primeiro ponto é o quão realista é este conto e o que é realista, o que existe ou não. Pois, muitos dirão que este ponto não existe, sendo apenas uma criação literária de Borges. Pode ser, porém muito do que se levanta ali é real, e especialmente a composição e detalhes do universo, os quais desafiam muitos dos conhecimentos e conceitos consagrados. Entre eles, a existência apenas de coisas racionais ou científicas, incapazes de existir coisas mais complexas ou que vão além do cientificismo. Entre elas, a existência de espíritos e a condução do existente por Deus. Pois, havendo um ponto sob o qual tudo pode ser visto, vemos como o universo é volátil, disperso e com coisas que não entendemos. Neste sentido, a Criação divina se manifesta, colocando em visão tudo aquilo sabido ou conhecido.
Porque está se vendo um ponto presente no universo no qual se vê todo este mesmo universo. Mesmo que ele não exista, está inserido em um lugar e espaço de grande complexidade, o qual conseguiria abarcar. Este lugar então toma uma dimensão de ser composto por múltiplas facetas, espaços e conhecimentos. Entre eles, os de estar ali Deus e espíritos, permeando este universo de leis científicas e mistérios. Aplicando axiomas a eles, se chega onde a existência se dá, ou ao menos se reconhece seus mistérios, dispersões e desconhecidos. Assim, vemos uma ponta do existente, permitindo absorver e ter algumas noções, indo além do meramente explicável ou conhecível.