Autor: Pedro Fagundes de Borba
A famosa frase promulgada por Luís XIV “o estado sou eu”, mantém ainda uma dimensão política e um valor para se analisar muito grandes. Tendo sido dita no contexto da monarquia absolutista, reflete o poder real naquele momento, onde este teria total poder de decisão, controlando todos os aspectos de acordo com o que quisesse. Neste sentido, de fato, ele é o estado, pois toma as principais decisões, ainda que auxiliado e influenciado pela corte. Neste tipo de organização social, foca-se neste indivíduo o poder, melhor dizendo então.
Neste tipo de governo e organização social, se tem estruturas sociais e instituições que mantém o poder real, dando ao monarca a decisão da maioria dos processos. O resto da população fica excluído das decisões, sendo um estado excludente e que relega ao rei decidir como a vida dos habitantes será comandada o seu bel-prazer. Pois, sendo ele o estado, é o único indivíduo realmente capaz de nele interferir, modificar e decidir como será. A população tem necessidades e vontades, mas terá de protestar com muita força para realizar, sem qualquer garantia.
Pouco deste tipo de governo assim ainda existe, hoje o mundo sendo composto ou por ditaduras ou por repúblicas. Nestas últimas, as instituições são completamente diferentes. Além das eleições e da divisão dos três poderes, também se conta muito com maior participação social, no qual a população tem mais voz ativa e poder de colocar pautas e ideias politicamente. Através de manifestações, protestos, ações sociais ou participação institucional, nas esferas diretas de poder via eleição ou em órgãos e instituições, como conselhos.
A participação institucional não é tão fácil, tendo uma série de afiliações políticas e de poder para serem superadas e cumpridas. Conselhos por exemplo exigem que se represente uma instituição para ser candidato a eles. Ainda há vários detalhes e complexidades políticas que influenciam a sociedade e suas políticas. Mas, ainda assim, se está em uma sociedade e contexto onde se tem mais participação social e capacidade da população fazer suas políticas e ter influências coletivas na sociedade.
Assim, diferente de Luís XIV, agora a população tem mais poder e espaço político, fazendo com que o estado e as instituições sendo mais influenciados pela população, dando mais fortes interações socio estatais. O estado fica influenciado pela participação social. Estamos em uma era onde o estado fica mais maleável, com instituições mais participativas, fazendo uma sociedade mais democrática. O estado não é mais um indivíduo, não mais o eu. Está mais voltado para a participação de seus membros e cidadãos, sendo mais moldável.