Autor: Pedro Fagundes de Borba
Para Émile Durkheim, pai da sociologia, neste acontecimento, justamente com o industrialismo, residem às características básicas e mais concretas da sociedade contemporânea. Fundada em cima da revolução industrial e francesa, teria sido modificada em relação ao Antigo Regime, criando uma nova ordem social e uma sociedade estruturada e regida em cima disto.
Economicamente falando, que é o ponto principal para a divisão do trabalho, a indústria teria criado uma nova forma e meios de produção, que abasteceria a sociedade, ou aqueles com recursos para adquirir, com uma enorme gama nova de produtos. O que faria surgirem ideias e um jeito novo de viver e se orquestrar economicamente a sociedade. Vencido o período dos artesãos, onde um era dono de um aparelho e de uma técnica, o qual tinha controle total, fazendo todos os processos do trabalho, agora o que se tinha era uma intensa divisão do trabalho.
Neste processo de divisão, se teria um serviço dividido em várias partes, com inúmeros empregados fazendo cada qual uma parte deste trabalho. E o industrial, ou empresário, seria aquele que teria o controle sobre o processo de produção, coordenando e comandando o processo. Como a sociedade industrial faria processos técnicos, econômicos e mesmo sociais mais complexos que períodos anteriores, o que levaria a esta divisão. E criaria fatos sociais em torno, bem como todos os mecanismos da sociedade que se colocam e fazem-na ser o que é.
A partir disto, Durkheim vê a sociedade de sua época, século XIX, se constituir, estar ancorada e embasada na divisão do trabalho. O que continua atual até hoje, tendo em vista que ainda vivemos sob os paradigmas estabelecidos pela revolução industrial e francesa, o qual embasa as sociedades do século XXI, sendo as estruturas externas que nos conduzem e nos determinam a vida e ações. Por ser um elemento externo, formado por muitos fatores pouco conhecidos e controláveis, é algo que tende a se reproduzir e a encontrar maneiras de se recriar e se manter em seus formatos.
Como a divisão do trabalho determina os serviços e mantém a sociedade na maneira com a qual é, temos nela um fator social muito forte, do qual sempre nos voltamos coletivamente. Com os processos industriais formaram uma realidade que se solidificou, deles não fugimos nem podemos subestimar. A coesão social se dá em torno essencial de processos de produção, fazendo com que assim se estruture e se mantenham os atuais processos. Aos cientistas sociais, estar atento a estes processos é de vital importância para compreender como a sociedade é e para onde caminha. Socialmente, são aspectos fundamentais de se conhecer, mantendo a atualidade de seu trabalho. Pois, tendo em vista tantos problemas sociais, saber sua raiz é fundamental para ver porque estamos assim.