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Pedro Fagundes de Borba

Autor: Pedro Fagundes de Borba

Tudo me é lícito, mas nem tudo me convém

1/10/2022 - Várzea Paulista - SP

            Em todas as coisas existentes, há um sentimento que paira sempre. Sobre o que pode ou não ser feito. Na maioria das vezes, atrelada a uma questão moral. Pois o que seria correto ou não de se fazer. Está também muito associado não apenas a um código ou uma régua moral, mas a um parâmetro, uma força que impeça a imoralidade de ser realizada, ou que determine que seja imoral.

         Afinal, tudo pode ser feito, nada há que realmente impeça. Há diversos códigos e determinações morais que falam sobre o certo e errado, mas nada impede que um ou outro seja feito. O indivíduo, ao fazer um ou outro, não será impedido por nenhuma força suprema, no máximo pela sociedade. Mas, por não haver uma força que impeça, são os próprios humanos que realizam ações que podem impedir que algo aconteça.

          Por isso, fica a reflexão de que nenhuma força real para os humanos, que estes sempre têm liberdade e espaço para fazerem o que quiserem sem que sejam impedidos. Pois qualquer ação pode ser executada sem que uma força transcendental impeça. A ideia de que Deus pune torna-se falsa neste sentido, pois nada acontece, nenhuma intervenção surge para o que acontece. Mesmo assassinatos, roubos, estupros e outras coisas abomináveis. Como dizer então que há uma moral real e, especialmente, no que esta se baseia.

           Tendo sido uma das perguntas que mais me fiz durante um tempo, a resposta veio de um dos espíritos mais elevados de todos os tempos: Paulo de Tarso, o São Paulo. Tendo sido um caçador de cristãos, tornou-se um devoto de Cristo após ter visto o mesmo no céu ressuscitado, no caminho entre Jerusalém e Damasco. Foi uma importante figura na divulgação da palavra de Cristo, deixando importantes obras e conhecimentos. Uma de suas mais célebres frases é: tudo me é lícito, mas nem tudo me convém (1 Coríntios, 6:12)      

           Esta frase é muito certeira, colocando um ponto central na questão. Deus nada proíbe tudo sendo lícito, mas nem tudo convindo. Pois Deus nada faz quando algo ruim é cometido, tendo apenas as consequências do ato. E isso nem sempre convém ou é bom. A moral existe e tem bons motivos. O principal é este, uma questão de ver o que não convém. Não ocorre uma proibição diretamente transcendental, mas saber o que é bom. Coisas horríveis não convêm, não devendo ser feitas. Com isso, se baseia muito a moral, que é sua base mais real, levando a um bem comum mais concreto. Me impressiona a profundidade de uma frase tão simples.

 
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