COLUNISTAS

Autor: Pedro Fagundes de Borba

William Faulkner

25/9/2022 - Várzea Paulista - SP

     Poucos autores possuem uma arquitetura literária tão completa quanto William Faulkner. O autor tem grandes histórias também, mas se destaca em sua carpintaria e forma literária. O uso de várias perspectivas de personagens torna a história mais complexa e principalmente cria um contorno que faz o leitor chegar a camadas e ideias que outros autores não tinham conseguido.

       O tema principal de Faulkner é o sul dos Estados Unidos, praticamente todas as histórias se passam lá. Fala sobre o local, com suas características, usando seu dom e inúmeras influências de autores para incrementar e falar sobre lá. Nesse sentido, fala sobre tudo que pode e tem direito sobre um espaço, lhe dando dimensão e profundidade inigualáveis. Entre seus temas, há decadência dos aristocratas após a guerra civil americana, a tensão racial entre negros e brancos, questões de amor e a sensibilidade ou não de alguns personagens.

    Apesar de falar sobre um local real, Faulkner criou o condado fictício de Yoknapatawpha, onde se passam as histórias. Também um grande recurso, pois fala das características reais de um local real, mas num microcosmo inventado. O que dá liberdade ao autor para dar os detalhes da história e preencher literariamente. Então é um local existente, mas com jeito de ficção.

      Como sua marca registrada, também usa vários personagens narrando um mesmo momento ou acontecimento, cada um dando sua versão com suas personalidades, criando teias e cenas muito complexas. Pois, um mesmo acontecer é visto e descrito de forma diferente por todos, sendo assim uma literatura muito completa, por chegar aonde outras formas não chegam. Assim as narrações assumem a capacidade de falar o que o personagem vê e o personagem em si. Sua leitura desafia por isso, mas recompensa para muito além.      

        William Faulkner possuía um dom e uma capacidade de escrita enorme, um gênio sem dúvida. Por tudo que escreveu e as obras primas que criou como “O som e a fúria”, “Luz em agosto” e “Enquanto agonizo”, foi uma figura marcante que mudou e revolucionou a literatura, como escrever e colocar profundidades literárias. Continuará colocando marca nos vários pontos que tocou.