Autor: Pedro Fagundes de Borba
Jorge Luis Borges (1899-1986)
Foi o autor que me fez reconsiderar a ideia de Deus, me trouxe pensamentos sobre como o universo se organiza. Era, em verdade, um escritor, que fez contos de literatura. Sequer considerava capaz de falar a realidade através de aspectos literários, vendo essencialmente ficções nesta arte, sem contatos com a vida real. Era também ateu, negando, portanto, a existência divina.
Por vezes, é descrito como o escritor mais teológico, pelas maneiras e universos que cria. Possui de fato uma coesão e um estilo narrativo e literário bastante apurados, capaz de desenvolver noções inteiras sobre o espaço do qual fala. O conto que me marcou e me permitiu perceber não apenas Deus, mas muito das essências colocadas, foi O Aleph, que dá nome ao livro no qual está incluído.
O que está presente no conto em questão a me chamar atenção são duas coisas. A composição do espaço narrativo, que dá pra ver existência de elementos meio fantásticos, como se trouxesse novos aspectos a vida e universo. O ponto central é o Aleph, um pequeno espaço abaixo da escada onde é visível todo universo inteiro, de todos os lados. Essa ideia me trouxe Deus, pois traz novos aspectos sobre o universo, como é regido e pelo que. Mas também esta ideia posta no Aleph, onde se vê o universo, onde tudo converge. Deus deve ser esta força.
Literariamente, retrata com uma visão muito original ideias sobre universo e fatos. Pois ali está um lugar onde se vê tudo, a vida está ali posta. Isso traz a visão do universo, em suas maiores complexidades, em sua dispersão. E a literatura termina também por expor sua magnanimidade, sua capacidade de retratar e de atingir coisas aonde outras criações não chegam. Borges revolucionou a literatura também por isso.