Autor: Pedro Fagundes de Borba
Santo Inácio de Loyola (1491-1556)
Santo Inácio de Loyola foi à primeira figura religiosa a mexer profundamente comigo. Aos 10 anos de idade me tornei um anchietano, colégio jesuíta porto-alegrense, logo ligado a Inácio de Loyola. Uma boa parte de admirações que alcancei por esta figura aconteceu nesta época, principalmente dos 10 aos 12 anos. Fui-lhe bastante devoto. Posteriormente, o deixei um pouco de lado, o considerando uma figura irrelevante, fantasiosa e sem sentido. Nunca esqueci isto, mas achava ser outra coisa.
Por alguns anos, me mantive assim, inclusive no tempo em que fiquei ateu e cético. Muita coisa pensei e coloquei até agora. Ainda mesmo não mantendo tão forte admiração por isto, gostava da educação jesuítica. Olhando mais friamente, consigo perceber que mantive uma postura de tentar absorver conhecimentos, principalmente em literatura, ciências sociais e filosofia, mas como alguém que observa e absorve, em maneira de defesa, de luta. Mais ou menos como a cavalaria teológica de Santo Inácio, uma coisa quase quixotesca. Em algum momento, quis ser eu um soldado intelectual ou um teológico.
Após períodos de intensa dor e aflição, muito mais do que a sinto boa parte do tempo, não sabia mais as bases do que seguir. O padre Inácio foi de grande ajuda, me fazendo ver o mundo e o que perseguir, como organizar as coisas mentalmente. Atualmente, voltei a tê-lo como uma figura importante, por sua forma de organizar o mundo e as ideias. Também como uma alma profundamente atenta ao que ocorre e como são. Sua profunda e inigualável visão divina e espiritual o faz uma figura muito complexa e admirável. É a figura religiosa pela qual tenho a devoção mais profunda. Conseguiu enxergar a vida, colocar através do espírito, os seres que somos.