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Pedro Fagundes de Borba

Autor: Pedro Fagundes de Borba

Representações literárias

29/5/2022 - Várzea Paulista - SP

              Ao longo da história, muitas visões e interpretações foram feitas a respeito da literatura. Quase todas ou geraram alguma grande obra ou refletiam sobre alguma já existente. Igualmente, muito já se pensou o que a literatura deveria fazer e como deveria ser feita. Algumas vezes como representação da realidade em suas camadas mais profundas, às vezes um simbolismo, uma metafísica, ou simplesmente um prazer estético.  

            A razão por trás disto vem muito daquilo que se consegue literariamente, pela sensação e ideia de que se consegue representar a realidade ou o que acontece, nos dando um espelho da realidade. Há outros que não são adeptos da ideia, achando que ficar apenas na questão estética, sendo um prazer, uma visão passageira, que serve para entreter e encantar. Fazer a questão somente artística.

             Neste sentido, temos uma ideia da arte como um objeto, algo que não representa a realidade, sendo apenas uma criação humana que fica distante de onde esta mesma vive. Assim, seria uma questão apenas para aproveitar, e termos contato com o valor artístico, absorvendo sua grandiosidade. Mas não haverá relações com a realidade, não buscando sua representação.

           Muitas grandes obras foram feitas, falando sobre a realidade, tentando representar o que está ali. Assim, buscava-se fazer uma versão da realidade, algumas vezes praticamente tentando convencer o público de que estava lendo a descrição de um evento do dia a dia, algo que acontecia daquela forma. Muitos com essa proposta, como os poemas e peças de Brecht, são bons, pelo talento do autor e qualidade do texto. Mas a ideia não exatamente funciona, por causa das diferenças entre a arte e a realidade.

           A partir do momento em que se faz uma narração, por mais que se faça um retrato da realidade, não ficará algo igual, como um relatório. Porque, para se criar a literatura, haverá uma grande mistura de subjetivismo com uma espécie de “relato” daquilo que se pretende contar, que ficará uma criação do autor, narrando o que ele conhece e pensa. O resultado principal a partir disso é uma história literária que fica falando sobre algo conhecido do autor, mas mesclada fortemente com um subjetivismo e com uma criação literária que não está nas leis do mundo natural. Aquilo é algo ficcional, narrado e que pode ter semelhanças com a realidade, mas com toda uma particularidade que a afasta de um retrato falado.

          Então a representação literária é por si própria algo que não está colada com o que é real, mas tem diálogo e relação. Pois, está criada pela imaginação e criatividade do escritor, sendo principalmente algo subjetivo ali feito. Estará colocando o que o autor pensa e desenha, mas será também algo em si mesma, que não reproduzirá fielmente a realidade, mesmo que o autor tente. É aquilo que se cria, baseado no que se conhece e quer fazer. E principalmente aquilo criado, o que sai. Fica uma obra em si, com as próprias características. Até pode representar, mas é um objeto em si, falando do que é.       

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