Autor: Pedro Fagundes de Borba
Em sua história, desde as dezoito reduções jesuíticas, o Rio Grande do Sul transita seus acontecimentos e cultura. Durante o século XIX, acontece um evento que marcará muito o estado e, indiretamente, o resto do país também. Com o surgimento do PRR nos anos 1880, um republicanismo começa a se fortalecer por aqui, em termos e maneiras mais claras que no resto do país.
Durante os processos políticos que criaram nossa república, estes se fortaleceram. O principal nome foi Júlio Prates de Castilhos, grande político que desenhou a política gaúcha neste tempo, deixando legados inexoráveis, ainda hoje sentidos. Seu grupo era conhecido como Pica paus, posteriormente chimangos, e ficaram conhecidos por seus lenços brancos. Tinham como principal oposição os maragatos, lenços vermelhos liderados por Gaspar Silveira Martins. Estes opositores buscavam sobretudo manutenção da monarquia ou do parlamentarismo, afastando o povo do poder. Enquanto os chimangos eram republicanos, defendendo a república e um estado gerido por suas instituições.
As tensões políticas eram grandes, tendo começado com a revolução federalista, na vitória chimanga. Castilhos redige praticamente sozinho a constituição estadual, adotando um modelo de estado baseado em suas necessidades e na resolução de problemas sociais. Criava assim um modelo que seria, direta ou indiretamente, uma influência para toda a república brasileira. O modelo administrativo, político e a maneira de se assimilar questões sociais estavam ali, ainda que nunca tenham sido de fato resolvidas. Ainda que seu sucessor, Borges de Medeiros, não tivesse um décimo de seu talento e habilidades políticas, conseguiu manter questões básicas, garantindo que o modelo seguisse. Chegou esta forma a ser nacional com Getúlio Vargas, posteriormente se readaptando e se aperfeiçoando.
Temos ali as configurações baseadas em um povo, nas necessidades e características de um país. Quando se vive aquela realidade crua e se desenha a política baseada na maneira como esta ali existe, influenciada por alguns modelos. Assim governa-se muito próximo a nação, garantindo o atendimento aquilo que ela precisa. Júlio de Castilhos, com as influências positivistas europeias na medida certa, dominou isto com modelo que fez o RS ter uma política baseada em si. Tanto que o resto do país viu ali uma forma que depois seria usada também, garantindo uma forma política nossa.
Agora, no século XXI, depois de capitalismo, socialismo, comunismo, anarquismo, distributismo e keynesianismo, ficam claro como não é mais possível desenhar a realidade a partir de uma ideologia. Pelo contrário, a realidade está dada, viva, com suas próprias características. Cabe a quem estuda ver esse realismo e entendê-lo em sua essência, desenhando a verdadeira e eficiente ideologia a partir de então. Nós os chimangos seremos esses então. Como Júlio de Castilhos construiu um modelo político concreto a realidade gaúcha e brasileira iremos à busca do mesmo neste tempo. Que contemple o Brasil pelas próprias formas e garanta que nos administremos politicamente baseados em nossas necessidades e características. Os chimangos buscam a criação de um estado presente e eficiente, que levará a uma melhor realidade social. Assim teremos um governo de verdade, com ideologia, mas uma embasada na realidade, o que ajudará a vencer as inúmeras desigualdades e problemas que nos assolam.