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Pedro Fagundes de Borba

Autor: Pedro Fagundes de Borba

Semana de arte moderna

20/2/2022 - Várzea Paulista - SP

           A semana de arte moderna foi um evento artístico, ocorrida na capital paulistana, São Paulo, em fevereiro de 1922. Cobriu várias áreas artísticas: música, artes plásticas e literatura. Tinha certa efervescência, apesar da maior cidade do país ser então o Rio de Janeiro. Não tanto entre as pessoas em geral, pois o evento foi mais restrito. Não se tornou um mega evento popular atraindo a massa enorme de pessoas que vivia em São Paulo. Em parte porque ela não existia. Apesar de já ser um estado economicamente forte desde a época cafeicultora, a cidade não tinha muitas pessoas. Era pequena, bastante provinciana. Tinha tido autores como Álvares de Azevedo e outros de considerável importância, mas não era grande cidade. Para além de tudo isso, poucas pessoas foram ver o evento, porque inexistia tal aproximação, tal contato. Ficou bastante restrita, sendo vista por uma elite intelectual. Não necessariamente isto diminui o valor artístico ou intelectual presente, uma vez que seu valor se dá enquanto arte, criação, mas mostra a realidade da época. Essa distância era e continua sendo uma das marcas do Brasil.

           Pondo em contexto o significado e as motivações da semana, era ideia criar uma arte moderna brasileira, que falasse do país e rompesse com o que vinha sendo feito até então. O chamado pré modernismo teria seu fim então. Até então, a forma poética e literária que mais vinha sendo praticada era o parnasianismo, com algum simbolismo. O grande poeta deste período era o poeta Olavo Bilac, parnasiano completo. Seu estilo sem ousadia e fazendo louvações pequenas, combinava com a visão poética dominante. Quando faleceu, em 1914 o poeta Augusto dos Anjos, o qual possuía uma poesia infinitamente superior a de Bilac, este apenas disse que nada de grande havia sido perdido. Poucos episódios demonstram tão bem o espírito bilaquiano, que dominava o status quo da literatura brasileira.  Juntamente, outro de forma similar era Rui Barbosa. Mais conhecido como político, Rui tem alguma poesia parnasiana, que indicava bem as tendências culturais do Brasil Oficial.

             Em contraposição a esta oficialidade, os modernistas se organizam para criarem uma nova arte, novas expressões estéticas. Uma das bases para isto era a oposição ao que vinha sendo feito, por ser uma arte muito parada e conformista, sem ter os grandes efeitos de tais criações. Para provocar, essa era a essência do modernismo, tinha-se como principal ponto contrapor Bilac e o espírito artístico em geral. Tanto que a principal revista literária do período foi a Klaxon, organizada pelos modernos. Em referência ao som de buzina, era uma provocação ao falecido Olavo Bilac, que fora um dos primeiros brasileiros a ter carro. Os principais modernistas foram Oswald de Andrade, Mario de Andrade, Tarsila do Amaral, Manuel Bandeira, Raul Bopp, Menotti Del Picchia e Anita Malfatti.

               Eram muito influenciados também pelas vanguardas europeias, tais como: dadaísmo, surrealismo, futurismo, cubismo e expressionismo. Cada um com alguns estilos particulares buscava novas identidades, novas criações e coisas ainda nunca vistas nas artes até então. Eram estilos e ideias feitas pelos europeus. Mas que tiveram seus reflexos no Brasil também. A questão em torno trazia a novidade, uma arte nova. Por isso poderia trazer novas realidades artísticas, falar sobre coisas ainda não percebidas ou não representadas. Antes de 1922, outro evento também influenciou a revolta dos modernistas. Anita Malfatti tinha feito uma exposição de quadros de arte moderna, fazendo um estilo ainda não visto. O escritor Monteiro Lobato escreveu um artigo furioso contra a exposição. Falava que era uma arte que destruía arte, cultivava o feio e era contra o artístico. Esta fala reacionária motivou ainda mais fazer arte moderna.

             Juntando estes aspectos, e com a ajuda de Graça Aranha, foi feita a exposição em fevereiro de 1922. Não tendo tanto público, gerou muitas reações fortes. Houve bastante vaia bastante crítica contra o estilo, muito pela ridicularizarão que faziam eles contra os parnasianos. O poema de Manuel Bandeira, Os sapos, era uma crítica aos parnasianos. Os artistas conservadores estavam contra eles, pelo que colocavam. Não eram tão revolucionários, mas tinham algumas visões novas.

             Por mais que o modernismo paulista não tenha criado tantas obras boas, ainda acabam sendo vistas por algumas noções. Alguns afirmam que este evento fora importante para criar expressões de modernidade, trazendo estas inovações. Outros movimentos artísticos, como a geração de 1930 e a de 1945, com obras e autores muito superiores aos de 1922, afirmam alguns terem influência destes últimos. E que ficaram esquecidos por várias décadas até serem melhor recuperados.  Em verdade, algumas obras e autores de 22 foram mais lembrados que outros. O mais lembrado é Macunaíma de Mario de Andrade. Não foi um movimento que produziu tantos autores ótimos, mas acabou dando algumas noções importantes de nova arte no Brasil.           

 

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