Autor: Pedro Fagundes de Borba
Sempre acusando os opositores de ideológicos, de doutrinadores, o atual presidente Jair Bolsonaro e sua trupe política fizeram mais intervenções ideológicas e censuras na educação do que qualquer um de seus antecessores pós-ditadura. Mesmo os de direita anteriores não cometeram tamanha infâmia e prática horrendas dentro do mais importante campo brasileiros, uma vez que forma todos os outros. Fez em 2019, agora em 2021 é acusado de ter visto e interferido nas questões do ENEM.
Parte considerável dos políticos que apoiaram sua campanha e eleição deram aval e apoio ao mais inconstitucional e abominável dos projetos, Escola sem Partido. Previa um controle sobre aquilo que professores poderiam ou não falar em suas salas de aula, visando constranger aqueles que tivessem posições de esquerda para beneficiar não apenas visões de direita, mas revisionismos mentirosos feitos por neoconservadores sem qualquer base acadêmica ou histórica. Entre tais teorias encontram-se, por exemplo, de que nazismo é de esquerda ou que existe alguma espécie de ditadura gay. Apoiado também num suposto papel doutrinador que a escola teria, onde se ensinaria por viés ideológico. Além da impossibilidade de falar sem ideologia, uma vez que é construído acima disto o pensamento, é uma forte mordaça, pois imagina professores como robôs. O que não são, haja vista que a aula para fluir, além do conteúdo, é troca de formas com alunos, discussão. Impossível isto com suposta “imparcialidade”.
Ainda que o projeto, por suas características inconstitucionais, não seja aprovado, uma parte muito forte de seu pensamento está presente no governo e realizou intervenções indevidas. Ficou já visível em 2019, quando foram censuradas questões voltadas a marcar respostas sobre uma tira da famosa personagem Mafalda. Criada pelo argentino Quino ficou famosa por suas contestações e ir contra os conformismos colocados em suas páginas. A tira em questão, a mãe desta está preocupada com o primeiro dia de escola da filha, a qual percebe sua preocupação. Mafalda, em todo seu jeito e estilo, diz para a mãe que quer ir à escola para que estude, se forme e não seja uma mulher frustrada e medíocre como ela. Termina saindo do quadro e dizendo como é bom consolar uma mãe. À época, com a ajuda de Ricardo Vélez, então ministro da educação, a obra foi retirada da prova por ser considerada desnecessária.
Em 2021, paira-se a suspeita de intervenção direta do governo novamente no ENEM, selecionando e censurando questões novamente. Bolsonaro nega, mas muitos afirmam que sim, incluindo funcionários. Independentemente, o presidente já declarou recentemente que a prova não serve para nada, não mede conhecimento, mostrando novamente seu desprezo pelo mesmo. É sabido que disse para trocar o nome de golpe militar de 1964 por revolução de 1964. O que é, no mínimo, uma tentativa de intervenção. Já falou mal da prova e o ensino outras vezes, inclusive acusando de doutrinação marxista.
Manter e respeitar a educação são fundamentais para o sucesso das pessoas e do país. Garantir sua independência e liberdade idem. Ter elegido um governo que abertamente ataca e tenta interferir mostra a postura de ideologia e censura. Ainda, não é o povo que assim quer, mas apenas o eleito e sua trupe oportunista. Importantíssimo falar daquilo que está sendo feito arbitrariamente no ENEM. Contra intervenção do governo. CENSURA NUNCA MAIS.