ColunistasCOLUNISTAS

Pedro Fagundes de Borba

Autor: Pedro Fagundes de Borba

Protestos em Cuba

18/7/2021 - Várzea Paulista - SP

    A ilha de Cuba enfrentando graves problemas sociais há bastante tempo, agora se encontra em um período de protestos. Falando contra o governo, os manifestantes têm sofrido sérias repressões, uma vez que não são bem vistos. Suspeita alguns serem financiados pelos EUA para enfraquecimento do governo, o qual já é fraco desde, ao menos, a subida de Raul Castro, antes ainda da morte de Fidel.

    Socialmente falando, as bases da revolução cubana foram o caldo comunista, ou espectro, que rondava o mundo durante a guerra fria associada com a desigualdade social local e injustas relações comerciais com os Estados Unidos. Tendo uma política fraca, como boa parte da América Latina na época tinha, vivia sob a ditadura de Fulgencio Batista, apoiado pelo ianque e pela elite cubana, que realizava relações comerciais, aumentando abismos sociais, e falta de liberdade política, gerando grande antipatia popular por esta ditadura.

     Tais fatos, associados com o advogado formado no México, Fidel Castro, filho da elite cubana, talvez por isso sabendo como agir, fizeram a revolução em 1959, associando-se com o bloco soviético. Romperam-se portanto as relações com os EUA, o qual, usando seu poder, manteve algumas formas e atitudes no local. Este também intensificou sua propaganda e regimes anticomunistas no resto do continente, através da operação condor, que colocou em ditaduras praticamente toda América Latina. No caso de Cuba, fez seu embargo, por razões políticas, dificultando a entrada de recursos para pressionar e enfraquecer o regime.

     Enquanto havia União Soviética isto não chegou a ser um problema tão grave para o local, uma vez que, apesar das grandes restrições individuais, a potência comunista conseguia manter planos e governos em seus espaços, dando alguma estabilidade e poder econômico para o regime cubano, que associado com práticas e políticas socialistas diminuía ou tirava desigualdades sociais, mantendo força de governo com base nisto, além de avanços em práticas como a medicina. Com o colapso da União, nos anos 90, este apoio acabou, mergulhando o país, juntamente com outros territórios de apoio soviético, na miséria e pobreza extremas. Somando a isto o embargo ainda existente, as coisas vão de mal a pior.   

     Mantendo o regime fechado que tem desde então, não consegue se reerguer nem conquistar um apoio necessário e bom o suficiente para se recuperar. Tendo como base econômica charutos, cana de açúcar e turismo, perde bastante base para desenvolvimento e exploração de recursos e riquezas em economia interna. O autoritarismo governamental continua agindo, reprimindo grandemente as manifestações ocorrendo agora.

        Ocorrendo por revolta do povo, ainda que possa haver patrocínio dos EUA para enfraquecimento, é um reflexo contrário aos problemas enfrentados, precisando ser valorizado e entendido, principalmente pela falta de remédios e alimentos existente. Um de seus objetivos maiores é a derrubada do governo, como forma de resolver os problemas. No caso cubano, é sempre um jogo entre os problemas autoritários locais e o embargo, que dificulta o acesso a alimentos e remédios. Depor Raul Castro não é uma boa opção, pois enfraqueceria completamente o poder cubano, facilitando grandemente medidas estrangeiras que aumentariam problemas, sendo não um diálogo, mas dominação econômica. Caso o governo consiga se apropriar das reivindicações, poderá tentar medidas para melhorar sua situação, mas terá pouco apoio, além de toda a pressão que sofre devido às questões de embargo, feito para que não seja forte. Talvez a melhor atitude fosse alguma medida governamental de tentar pressionar um diálogo verdadeiro entre a ilha e os EUA, baseado em algum tipo de relação efetivamente possível, muito especialmente para o fim do embargo.    

Compartilhe no Whatsapp