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Pedro Fagundes de Borba

Autor: Pedro Fagundes de Borba

Revolução e estabilidade mexicana

4/7/2021 - Várzea Paulista - SP

    A América Latina foi um continente de políticas muito instáveis durante o século XX. A maior parte de seu território tendo conseguido independência política no XIX, o Haiti o primeiro deles, iniciando no final do século XVIII. Gerou então grande medo no resto do continente, devido principalmente pelo fato de ter sido uma revolta de escravos, ou seja, uma rebelião organizada por aqueles que sofriam fortemente os problemas da sociedade, uma estrutura ainda existente no resto do continente, inclusive no já independente EUA.

     Gradualmente, outros países foram conseguindo se emancipar das metrópoles da Europa, se tornando nações independentes. Brasil e México conseguem em períodos bastante próximos, 1822 e 1821, respectivamente. Ambos são os países mais desenvolvidos da América Latina, o Brasil estando um pouco à frente. Durante boa parte do resto do século, mantiveram governos com boa estabilidade, ainda que imperfeitos. O Brasil manteve, a partir dos anos 1840, o imperador Dom Pedro II e o México, ao longo do tempo, mais marcado próximo a 1884, o ditador Porfírio Diaz, que, por vários períodos e formas, governou. Dom Pedro II manteve um governo que não excluía problemas sociais e grandes mazelas, mas mantinha uma postura boa, apesar de monarca. Foi deposto por Deodoro da Fonseca, iniciando a república brasileira, marcada por grandes revoltas sociais até 1930.

      Em 1910, motivados por uma questão de reforma agrária, um movimento de revolução se instalou no México, liderados por Emiliano Zapata e Pancho Villa. Deposto Porfírio Diaz, que foi para Paris, tornou-se um partido que governaria o México então. Tal partido dominada a política mexicana, manteve o país como o menos oscilante em termos políticos da América Latina. O Brasil, por sua vez, viveu, depois de 1930, duas ditaduras, de 1937-1945 e 1964-1985, com períodos de democracia entre eles, como está até hoje. Outros países da América não foram muito diferentes, com curtos períodos democráticos, intercalados com autoritários, sempre frágeis. EUA, neste sentido, possuem desde uma estrutura democrática mais bem consolidada e planejada até mais força política, tendo maior poder neste sentido. Seu sistema é mais preparado para oscilações políticas, com mecanismos e recursos para lidar com alguns problemas, evitando quedas no sistema de república.

       Com a instalação do partido revolucionário institucional, que promoveu certa reforma agrária e diminuição de algumas desigualdades nacionais, a política do país manteve esta forma, conseguindo lidar com problemas e mudanças políticas que ocorreriam ao longo do século, respondendo a isto, permitindo que o país gozasse de aspectos que surgiriam ao longo deste tempo, sendo um país autoritário, mas com algumas estabilidades particulares se comparado com outros no mesmo período. Tal sistema também favoreceu o surgimento de certa esquerda mexicana, com alguns artistas, como Frida Kahlo e Diego Rivera. Também acabou sendo o local onde Fidel Castro recebeu algumas instruções e formas para suas ideias.

        As estruturas e formas políticas da América Latina sendo bastante instáveis, até hoje alguns países não conseguem manter de forma sólida suas formas de república, o caso mais recentes sendo as eleições peruanas, desde a queda de Vizcarra em 2020 e os cinco dias de Merino até as apurações de Castillo e Fujimori nas últimas semanas. O século XX, por enquanto pelo menos, tendo sido pior neste aspecto, teve o México como um país mais estável politicamente. No XXI, este tem experimentado um agravamento de problemas relacionado a problemas de narcotráfico e políticas de enfrentamento que não deram grandes resultados, além de maior diversidade de partidos no poder, ainda que o antigo seja ainda o mais bem visto pela população, um pouco por seu populismo. Chegou ao poder a partir de eventos da revolução mexicana, se consolidando em 1929. Tendo como base um evento que buscava reforma agrária, mesmo tendo formas e postura autoritárias, manteve certa abertura política interna, além de manter consideráveis benefícios sociais, postura evitada pelas ditaduras de direita do século passado. Nisto, se equilibrou nas várias mudanças e interferências realizadas pelos EUA no continente, não se deixando cair tanto. Em termos políticos, definitivamente se trata de algo interessante para pensar organização política, ainda que não tenha sido democrático quanto deveria.    

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