Autor: Pedro Fagundes de Borba
Surgidas no período colonial, às literaturas dos países latino-americanos passaram por diversos momentos e formas desde então. Enquanto colônias de Portugal, Espanha e França, como no Haiti, a literatura produzida em cada um era vista como expressão da metrópole, por serem considerados parte de um mesmo território. No século XIX, com a gradual independência dos países, começam a se formar as identidades nacionais, buscando expressões literárias e artísticas em seus contextos.
Iniciando-se pelo romantismo, um gênero de bastante tendência a identidade nacional, vão surgindo autores que falam de diferentes formas, os países em que vivem. Durante este período, apesar de terem surgido grandes autores, como Machado de Assis no Brasil, José Hernandez na Argentina e Ruben Dario na Nicarágua, não se teve grande alcance internacional. Durante o século XX, América Latina manteve sua produção literária, tanto se inspirando em modelos da Europa e EUA, quanto revisando seus autores. Tendo iniciado nos anos 40, surgiu um gênero que iria marcar a história da literatura na América Latina, o realismo mágico.
Tal gênero, marcado principalmente pela descrição da realidade com elementos fantásticos, tinha também semelhanças e ideias com outras formas de escrita em outros lugares, mas conseguiu dar jeitos e formas latino-americanas para projeção internacional, isto é, retratou de maneira relevante para outros espaços. Miguel Angel Astúrias e Jorge Luis Borges foram precursores deste, com “O senhor Presidente” e “Ficções”, respectivamente.
Nos anos 1960, também muito pelo contexto político global da época, o realismo mágico se torna um dos estilos literários mais vistos, mantendo-se assim até o inicio da década de 1980, mais ou menos. Marcam este contexto “ A morte de Artemio Cruz”, de Carlos Fuentes, “Pedro Páramo” de Juan Rulfo, “ O jogo da amarelinha” de Julio Cortazar e o mais aclamado, um dos últimos lançados, “Cem anos de solidão” de Gabriel García Marquez. Brasil e Uruguai não escrevem muito no gênero, fazendo outras formas de escrita.
Durante este período, se teve esta forma literária bastante marcada como uma forma de ver a América Latina, em sua realidade e em sua ficção. A maneira escrita refletia as maneiras da literatura e, principalmente, como se retratar estes pontos, de maneira que se chamou a atenção da literatura mundial, fazendo-se parte maior desta por um tempo, até seu desgaste. Em muitos sentidos um refletor das décadas de 1960 e 1970, passou com o naufrágio das utopias nas respectivas décadas. Mas continua se escrevendo, mesmo com a passagem do boom. Os grandes autores do período também mantém sua relevância.