Autor: Pedro Fagundes de Borba
Escrever semanalmente um texto sucinto é uma maneira de dizer algo relevante sobre o tempo que passa e o que acontece de real no cotidiano, impossivelmente real. Sendo a realidade algo existente, com todas as misteriosas complexidades que ela é composta, nos faz percebermos inseridos nela sem saber exatamente o que somos ou o que é. Por isto, falando com a linguagem e a forma que conhecemos e identificamos é uma demonstração deste real, mesmo quando equivocada.
Tendo nossa forma de tempo e de vida transcorrendo diariamente, nossas noções vão sendo formadas. Para o artista, particularmente, isto se assume como uma maneira de ir adquirindo convicções e entendimentos da vida, enquanto a observa acontecer e o que está acontecendo. Para os que escrevem textos curtos semanalmente, tem a sensibilidade de perceber a relevância de momentos cotidianos para se entender menos a vida do que quem quer decifrá-la.
Por este sentido, faz estes textos buscando retratar a percepção do momento, como quem quer retratar algo passando com grande valor, satisfazendo a busca e chegando em algum lugar. Chegar neste lugar significa uma conclusão uma maneira de ser e perceber enquanto estamos nos movimentando dentro do contexto e cultura em que estamos. Nossas formas de organização, nossas culturas e ideias são reflexos da nossa realidade existente, portanto, cabe nos interpretarmos nestes contextos e buscar suas características mais profundas. Quando falamos sobre o que vemos e pensamos, estamos refletindo isto e também nos pondo como algo particular.
Em seus ideais particulares, o artista se vê como detentor de grande representação, de capacidade de apreender a vida como nenhum outro, capaz de trazer os aspectos mais reais e mais profundos à tona com suas criações. Ainda que nunca atinja o que quer, muito menos sinta que abarcou sua ambição e vontade criadora, consegue por questões e ideias importantes ao longo do que escreve, sendo por isto relevante. Dizendo as particularidades do que vê, mostra suas particularidades mais caras a si mesmo quando no acontecimento, como conta isto rapidamente na crônica.