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Pedro Fagundes de Borba

Autor: Pedro Fagundes de Borba

Vou lá?

6/12/2020 - Várzea Paulista - SP

       Em “Antes do baile verde”, conto integrante de coletânea de mesmo nome, Lygia Fagundes Telles, como grande contadora de histórias, imprime em suas personagens diversas características e formas, refletidas na situação, que se sintetizam em suas breves páginas, mantendo narrativa ágil dos que entretêm com histórias e coloca estas maneiras como complemento a esta história, fazendo com que fique melhor e mais envolvente. A situação posta traz a tona os aspectos desta construção, permitindo que se veja as personagens e como e quais características emergem, criando tanto trama quanto personagens, uma história se conta então.

         Sua trama, consistindo em quatro personagens, das quais duas efetivamente têm cenas descritas com sua participação, gira pelos diálogos de Lu, empregada, e Tatisa, jovem que mora na casa em que Lu trabalha. Estão se preparando para o baile de carnaval, Lu ajudando a terminar Tatisa de pôr sua fantasia. Lu, negra, percebe que Raimundo a está chamando, também negro, para irem ao baile. Ela não consegue, por ainda não haver terminado as questões de Tatisa, e isto vai marcando o momento para ela faz parte do que vai acontecendo até o final do conto.

         Tatisa, vestindo um vestido verde bastante quente, tendo de se acrescentar as lantejoulas, tendo vários momentos emotivos, especialmente relacionados a saídas e gostos de outros carnavais; nos em que Lu fala, sendo compreensiva, mas também atenta a Raimundo, que não é tão paciente e a está esperando.

          O que falam principalmente é do pai de Tatisa, um senhor acamado, que pode estar morrendo. Tatisa vê um entrave de sentimentos nisso, pois talvez devesse estar com ele pela situação, mas também gostaria de estar no carnaval, aproveitando. Ao passo em que estes entraves vão acontecendo, vai tendo emoções, vai sentindo as contradições, vendo que fará ali. Em vários momentos, diz para Lu ir vê-lo, o que esta já havia feito antes, espiando de porta, vendo que estava morrendo. Tinha feito este afastamento para a filha aproveitar, não vê-lo. Tatisa ainda insiste que Lu o veja, pode ter se enganado novamente. Ficaram debatendo a ideia, Lu não querendo, intercalando com assuntos sobre fantasia, bailes e histórias. Ao final, miram a porta do quarto, se olham e descem, nenhuma entra. Vão.

             Relações da vida, mostradas no cotidiano, se mesclam intimamente com o viver, fazendo parte dele, sendo capaz de conduzir fortemente a ação, sendo uma das partes centrais daqueles com estas relações. Estes tipos de laços constituem, em verdade, importante característica daquele que o tem, sendo determinante para suas ações, peça fundamental do que fará enquanto vivo naquele momento, parte fundamental de sua vida. Questões de planos, intenções do que fazer pode ser alterado com isto. 

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