Autor: Augusto Branco
Seu Zé que sempre é cuidadoso com as palavras, a cada dia que passa se diz apreensivo com as mudanças de tudo que ocorre neste mundo modernizado.
Fala que a menos de meio século a vida pacata que vivia era cômoda e bela no seu vasto sertão.
No sertão a vida pacata, cômoda, bela, local onde as pessoas deixavam de completar os ciclos de vida, sem saber o que era estresse, depressão, e correria para aumentar o acúmulo de riquezas naquele mundo também moderno a gosto dos cidadãos.
Palavras como ganância e desigualdade social nunca se ouvia no seu vasto sertão, que abrigava famílias inteiras, e em comunidade sempre compartilhavam o pão.
Mas, o tempo vai passando, e o sertão junto se transforma.
Os sertões agora são locais onde muitas pessoas passaram a se concentrar em comunidades chamadas de cidades.
É nestas comunidades cidades que famílias de desconhecidos passaram a se abrigar em busca de um novo mundo mais modernizado.
Os desconhecidos agora são milhares, milhões, bilhões, com o coração de riqueza, onde poucos compartilham o pão, e em nome da modernidade avançam em todos os campos pra ajudar a modernizar o restante do sertão.
Seu Zé agora acredita que a modernidade contribui para:
Exterminar etnias, culturas, e escravizar os povos.
Acelerar a destruição da fauna e flora.
Transformar nações em guerras em nome do acúmulo de mais riquezas.
Globalizar as riquezas, e não globalizar a pobreza.
Produção de alimentos, e não a divisão do pão com quem passa fome.
Crescimento dos domínios científicos, e não democratização dos saberes em sua ampla aplicação.
Seu Zé ainda não entende como os homens buscam através da modernidade descobrir vidas em outros planetas, e se esquecem de preservar vidas dos muitos sertões do seu próprio planeta.
- Luis Ribeiro -