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Pedro Fagundes de Borba

Autor: Pedro Fagundes de Borba

O homem de pedra sucedido

5/7/2020 - Várzea Paulista - SP

    A poesia traz aspectos vivos, partes do existente não vistas em outros lugares; faz ter uma visão mais complexa, certeira, exemplar do que não se entende por outras formas, uma maneira de se entender o que existe, e como existe. Sendo uma fonte incomparável do que é, sendo por si própria algo de se gostar, se entender a vida por ela, é sempre fonte do poético, deste tão profundo aspecto vivo. Hoje, falarei um pouco sobre o poema “Um retrato”, de Emily Dickinson, grande poetisa da língua inglesa.

   Emily Dickinson resolve descrever o retrato, fazendo-o também. A imagem descrita é a de um humano, muito provavelmente homem, cujo rosto está despido do amor ou da graça, estava pleno de ódio e sucesso. Com tal rosto, uma pedra estaria perfeitamente à vontade com ele, como se fossem velhos conhecidos que pela primeira vez eram arremessados juntos. Colocando nas palavras os aspectos do retrato, retrata muitas camadas do que foi pintado, o que ali dentro das tintas juntadas estava.

   Quando descreve as características e formas do retratado, está mergulhando, retratando, o que isto é.  O que está em suas palavras mostra os aspectos, com toda uma maneira, mostra o que conhece. Tais formas, tal retrato leva para caminhos internos, a composição do ser dentre seus aspectos, destacando a sua dureza, sua nudez para com amor ou graça, sendo apenas um corpo nu que não tenta esconder a falta destes.

   Com sua visão, além de mostrar um retrato descrevendo, faz uma complexa e longa visão de vida. Aqui focada na figura retratada, desenrola por características humanas em sua manifestação mais pura, mais cotidiana, mais real, próxima do conhecido pelos indivíduos. A poesia manifestada ali, associada com tudo e sendo poético, sendo uma maneira de ver e entender o vivo, o que este é.

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