Autor: Pedro Fagundes de Borba
Henri Marie Beyle, conhecido como Stendhal, foi um dos autores mais felizes tanto na retratação de personagens enquanto indivíduos quanto na inserção destes em ambientes literários fortemente marcados por contextos políticos e os desdobramamentos das suas condições. Se, em romances como " A cartuxa de Parma", explorou em forma longa, também foi grande em forma mais curta, como "Ernestine ou o nascimento do amor".
A história se passa em um castelo onde Ernestine mora com seu tio, conde. Politicamente um ambiente nobre, é um lugar extremamente tedioso para se viver. Tal condição política irá permitir dentro de sua composição o desenvolvimento de diversos tipos de individualidades. Jovem, Ernestine nunca sente nada ali além do tédio que não se quebra. Até aparecer Philippe Astézan, homem entre 34 e 40 anos. Contando histórias enquanto segue os pontos de vista de cada um, Stendhal irá apresentar de forma rica um amor juvenil e um estranho diverrtimento adulto.
Ernestine em si, não tem nada de especial em relação à sua forma de vida. É uma jovem nobre entediada. Philippe Astézan lhe apareceu quando olhava pela janela. Passava próximo de uma árvore. Ao longo de encontros e desencontros em torno de buquês e bilhetes na árvore, Ernestine passa por várias sensações de amor. As mais marcantes são os cuidados em cada atitude, dependendo, assim, ele podia amar ou deixar de. Também fortes sentimentos de abandono e de solidão, sempre que algo a ela indicava desprezo ou desistência por parte de Astézan. Perde peso e adoece, sofrendo de forma muito forte. Os criados a encontram algumas vezes na árvore. Em dado momento, o tio decide lhe dar um curso de história natural. Nenhum deles entendia exatamente o que estava acontecendo.
Visto pelo lado de Philippe, é importante dizer que não se tratava de um desconhecido nas regiões, mas que era amante da senhora Dayssin, parisiense que escandalizava a província quatro meses por ano ficando com Astézan, que não era seu marido. Era orgulhosa disto. Ele, vendo o tédio que lhe parecia ser a vida de Ernestine, fez os jogos que ela via e tinha sentido força em suas emoções, assim a divertia um pouco. Astézan possuía uma estranha perversão. Chegou a acreditar que a amava. Dayssin volta a Paris. Depois retorna. Tentou vê-lo, enquanto ele tentava se tornar cartuxo. Não consegue e volta para Paris, onde fica em desespero. Philippe acreditava amar e não ser amado por Ernestine. Ao final, ela se casa com um velho tenente general muito rico e ele a perde. Entra no mais cruel estado humano, o Philippe Astézan.
Estas duas personalidades encontram pontos interessantes para expandir suas vidas na existência uma da outra, o que constitui uma ironia em forma muito forte, pois não se trata de amor, não algum fundamentado. A falta de noção em Ernestine constitui algo muito interessante de se ver, pois, se é um sentimento verdadeiramente gerado pelo tédio, não teria maior sustento, mas é real e profundo. Astézan é muito mais velho, tendo entre 34 e 40 anos, mas não é simplesmente manipulador. É adepto dos relacionamentos, sempre pratica com a senhora Dayssin, e encontra em Ernestine simultaneamente, um desejo terno e um heroísmo masculino, tirar o tédio de sua vida. Misturou-se de forma única ao amor frágil da jovem. Houve uma entrelaçada história dupla.