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Augusto Branco

Autor: Augusto Branco

CÉSAR LUIZ DOS SANTOS: 1001 Provérbios

5/4/2012 - Várzea Paulista - SP

 

Os 1001 Provérbios têm uma forte característica filosófica, crítica e contestadora, podemos dizer, pois, que reflete profundamente a realidade da sociedade atual, certo? Não existe obra que não seja um reflexo (mesmo que distorcido) com relação à realidade social no qual está inserido. O meio social, e, portanto, histórico nos condiciona a todo o momento; as influências são múltiplas, por isso o que absorvemos, seja no aspecto erudito, popular ou da cultura de massa, dependerá do autor, que irá filtrar o que ele acha mais interessante no momento. 

1001 Provérbios é um número grande o suficiente para abordar muita coisa. Quais os temas que você aborda neste livro? É difícil sintetizar os ‘1001 Provérbios’, mas podemos dizer que tal livro é uma obra singular. É composto por exatos mil e um “provérbios” (na verdade são sentenças, aforismos – mas esse detalhe é explicado no prefácio) inéditos, com temas diversos (100 temas/capítulos), tais como Amor, Ateísmo, Cultura, Mulher, ódio, etc. Em cada tema (composto por 10 “provérbios” cada um, sendo que o último tem um a mais para totalizar os 1001), frases breves surgem, ora de maneira singela e doce, ora de forma ácida e irônica. No entanto, o bom humor também é algo que circula pelos 1001 Provérbios. Muitas frases são paradoxais, com sentidos quando não duplos, podem ser triplos. Quando você pensa que é isso, era aquilo (ou nem mesmo aquilo!). Só o fato dos grifos em itálico e aspas espalhadas pelos “provérbios”, indicam um exercício de leitura e interpretação constante. Uma leitura descontraída está presente nos ‘1001’, ou seja, o leitor encontrará nele um texto agradável que trata de temas múltiplos, que podem ser lidos em qualquer ordem. É um manual do livre-pensar, digamos, um livro do povo!

Quando se fala em Provérbios, o senso comum logo nos remete aos Provérbios da Bíblia Sagrada, que trazem uma visão de mundo conservadora e religiosa. Sendo uma obra contemporânea, como podemos definir os 1001 Provérbrios de César Luiz dos Santos? São atuais e atualizados. Ou reatualizados ou revisitados. Todo tema fica atual, “presentetificado”, quando o autor consegue trazê-lo para o leitor de uma maneira inovadora, dinâmica, e de preferência, simples e direta, sem enrolação. Posso dizer que os leitores irão se identificar em três momentos: quando verem um tema em si, e quando lerem os provérbios sobre esse tema. Um terceiro momento será o da auto-reflexão, que é o principal objetivo dos ‘1001’.

Apesar de toda a carga erudita que forma o teu pensamento, a leitura dos 1001 Provérbios consegue ser uma leitura agradável e acessível ao grande público. É raro encontrar obras com este equilíbrio... Inegavelmente os ‘1001’ têm uma levíssima carga erudita, pois toda uma rede de pensadores estão nas entrelinhas deste livro - mas de forma sutil. Portanto, o popular predomina e engloba a obra, que é espelhada no povo, nas ansiedades, alegrias e curiosidades deste.
 

Você é observador muito crítico da sociedade, deste modo é de supor que exista uma função social nos 1001 Provérbios - qual seria? Ir além do “local” aonde os leitores se encontram. A típica viagem de sair do “local” sem sair do mesmo. Levar os leitores e leitoras a serem críticos deles mesmos. Não, não é uma “doutrina” que os ‘1001’ querem repassar, de forma alguma; a mensagem é seguir sua mente, ser autônomo, intervir na realidade por si mesmo. Explanar que os homens são mestres na arte do pensar e refletir. Os leitores decidirão por eles mesmos se acharam verdades ou verdades nos ‘1001 Provérbios’. Nada como uma leitura democrática, onde quem manda, são os leitores!

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