Autor: Augusto Branco
Apesar do título remeter à idéia de violência, O Último Combate é um romance belo e surpreendente, que retrata o Brasil e o povo brasileiro de um modo nada caricato... De fato, tive a preocupação de tentar divulgar no exterior uma imagem positiva do Brasil. De um modo geral, a imagem divulgada do Brasil no exterior, principalmente através de filmes, é negativa, e, quase sempre, faz apologia da violência. O romance O Último Combate não explora a violência gratuita, que seu título sugere. Pelo contrário, procura dissecar, nos seus mínimos detalhes, a complexidade da alma humana e resgatar a tão vilipendiada auto–estima nacional.
Ambientado em diversas cidades brasileiras, O Último Combate oferece ao leitor também uma gama de conhecimentos culturais bem interessantes. É, por assim dizer, uma verdadeira viagem literária, certo? Posso dizer que sim, pois a linha dramática é intercalada com a descrição do cenário da trama, ambientada em Brasília, Rio de Janeiro, Manaus, Belém, Oiapoque e Caiena, na Guiana Francesa. O livro é também uma mini–enciclopédia sobre o Brasil, conhecimento essencial para qualquer estudante. Mas o principal fator é que, ao final do romance, além de ler uma belíssima estória de amor, cercada de suspense, da primeira à última página, o leitor sairá reconfortado com a sensação de que é possível apagar do caráter da alma nacional o estigma do complexo terceiro–mundista.
Você quer dizer com isso que o Brasil retratado em O Último Combate é um Brasil sem os problemas de Terceiro–Mundo? Pelo contrário. Não quero negar que o Brasil, apesar de avanços tecnológicos, ainda tem uma cultura de Terceiro Mundo. Apenas uma revolução cultural, a exemplo do que ocorreu na Coréia do Sul, poderá tirar o país do atual marasmo cultural e da tão difundida “cultura da idiotice”. Apenas tive a preocupação de mostrar que, além das misérias das favelas, o Brasil tem também o seu lado positivo, um povo hospitaleiro, belas cidades e uma belíssima paisagem natural. Além disso, quis mostrar que o brasileiro não é apenas um povo alienado pelo samba e carnaval. É um povo também inteligente, que sabe discutir sem restrições a complexidade da natureza humana.
Um aspecto interessante de tua obra é que, apesar de contar a história de dois irmãos num aspecto aparentemente microscópico, a trama leva o leitor ao conhecimento de desenvolvimentos dos quais depende o próprio destino da humanidade – um enredo tão rico e tão profundo que você precisou transformar em trilogia... Sim, O Último Combate é o primeiro livro de uma trilogia que estou preparando. Ele já foi publicado no Brasil, em 2005, e em Moçambique, em 2010, no Centro Cultural Brasil–Moçambique. Atualmente, encontra–se à venda no clubedosautores.com.br uma edição revisada e atualizada do referido romance. O II tomo, Os Cavaleiros do Apocalipse, a ser publicado até abril deste ano, apresenta um relato interessante sobre a queda dos impérios, sob uma perspectiva de fácil entendimento. O III tomo, Os Deuses do Olimpo, fecha a trilogia com chave de outro.
Além desta trilogia, o senhor tem outros trabalhos em perspectiva? Tenho. Lancei, recentemente, também pelo Clube de Autores, o romance Xiluva, que em dialeto changana quer dizer “Flor”, ambientado em Moçambique, onde vivi por vários anos. Neste romance traço um paralelo entre a cultura brasileira e a moçambicana. Xiluva é também o primeiro romance de uma trilogia, que se completa com Torre de Belém e Torre de Belém, ambos previstos para lançamento no primeiro e segundo semestre de 2012, respectivamente. Devo lançar também, em breve, a minha Antologia Poética, composta por uma seleção de 145 poemas, bem como outra antologia, em inglês, English Poetry, composta de 75 poemas escritos nos Estados Unidos, onde morei também.