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Augusto Branco

Autor: Augusto Branco

BRUNNA PAESE: Uma poetisa apaixonante!

26/3/2012 - Várzea Paulista - SP


Você é uma amante da arte do cinema e já foi bastante dedicada aos esportes. Como se deu o teu ímpeto de escrever poesia? O cinema e os esportes influenciam em tua arte? Comecei a escrever com 12 anos, motivada por uma disputa com uma prima que havia escrito seu primeiro poema 10 dias antes do meu. E assim nunca parei. Fiz da arte de escrever uma terapia, uma forma de demonstrar todo o universo que existe dentro de mim. A vida me inspira, o Cinema é uma grande paixão e, assim como o esporte, fazem de minha vida uma maravilhosa experiência. 

Instantes é uma coletânea que reúne teus principais poemas. Em quais circunstâncias os poemas deste livro foram escritos? Em vários, geralmente escrevo por amor, não apenas de relacionamento, mas o amor em toda a sua forma. Tenho uma intensidade em tudo que sinto e vivo e o amor, bem como a dor, são as duas faces que gosto de retratar. Mas tem também uma curiosidade sobre como escrevo: quando eu precisei estudar para o vestibular, escrevi um livro sobre a história de paixão que vivi com um garoto durante 5 anos. Quando conclui e entreguei o livro, a paixão por ele passou, eu passei no vestibular, e adotei essa técnica toda vez que preciso esquecer alguém. 

Quem conhece tua poesia, percebe que você escreve com a alma, com profundidade de sentimento. Dentre todos os poemas que você escreveu, quais são os que mais tocam ao teu coração, que te deixam mais emocionada? Gosto de alguns em especial: “Ser Mulher” é um dos meus preferidos. Normalmente, quando me pedem para recitar algum, eu lembro do poema “Se você resolvesse tentar” - ele tem uma rima envolvente e lembro exatamente o dia em que o escrevi. E tem também o poema “O amor para mim”, que escrevi depois de anos pensando no que esse sentimento representa para mim. 

Você é uma mulher muito bonita, atraente, inteligente, super bem-humorada e talentosa, mas ainda assim os teus poemas trazem um quê de melancolia quanto a aspectos afetivos. Nos dias de hoje, está tão difícil assim ser feliz num relacionamento? Nossa vida parece mais colorida pelos olhos dos outros. Sempre fui muito feliz nos meus relacionamentos, mas tenho o sonho de amar uma pessoa eternamente. Sabe aquela coisa de envelhecer amando alguém? Eu vivo essa  constante busca por esse amor. Por alguma razão escolhi viver por tentativa e erro, vivo tentando acertar. Quem sabe um dia eu consigo? 

Apesar de ser uma autora independente, teus textos atravessaram o Atlântico e hoje são lidos em diversas partes do mundo. Isto é bastante gratificante, não? Sim. Apesar de que escrever sempre foi algo um pouco intimo, um pouco meu. Por essa razão, nunca tive a intenção de ter meus poemas publicados. Logo, tudo que vejo e recebo de carinho e reconhecimento por esse trabalho é mesmo uma grande satisfação.  É incrível quando as pessoas me procuram para dizer que tenho talento, que é um dom divino.  É uma alegria difícil de descrever. 

Um de seus poemas mais famosos, Ser Mulher, é um poema emblemático que fala sobre teu orgulho em ser mulher. Você é uma autora feminista? Eu já fui feminista, hoje sou apenas uma idealista que tem como pilar o ético e o justo, se por alguma razão esses princípios forem rompidos, defendo o que e a quem for preciso. Minha devoção pelas mulheres é pelo exemplo que tenho em casa, e foi por ela que escrevi esse poema. Minha mãe me inspira! E o curioso é que esse poema foi escrito para um concurso cultural de um programa de tv. Não ganhei o prêmio, mas acho que consegui algo realmente bom com ele, como a publicação do postal em homenagem ao Dia Internacional da Mulher entregue para todas as bancárias filiadas ao sindicato da categoria, em Portugal. 

Você concilia tua carreira literária com tua carreira de executiva. Como é para uma poetisa de tanta sensibilidade trilhar pelos caminhos tortuosos da selva do mercado? Como é a Brunna Paese executiva? Ainda não sou, mas é difícil querer ser. Tenho ambições e quero sempre ser a melhor no que faço, isso assusta. Um dia quero escrever um livro sobre as pérolas ouvidas e vividas nesse ambiente. Teve uma que gosto sempre de contar. Um gestor me procurou e me deu alguns conselhos. –Brunna, você não pode ser tão feliz! Parece algo realmente estranho, mas a justificativa é a de que, normalmente, as pessoas não são tão felizes, e sendo eu uma pessoa alegre e contagiante , demonstro não ter problemas, causando inveja e me prejudicando com esse comportamento. Depois disso passei a contar meus problemas (risos), mas nunca deixei de sorrir, a felicidade jamais deve ser omitida. 

Como você sente que a mulher tem sido vista em nossa sociedade? Quais as conquistas que você destaca? Quais os problemas que você ainda percebe e quais passos você considera que ainda devem ser dados para consolidar o espaço da mulher na sociedade de forma justa e igualitária? É um assunto sempre polêmico. No inicio da minha vida eu tinha repulsa de pensar que havia nascido mulher. Queria jogar futebol, mexer com informática, gostar de carro, essas coisas que só os meninos faziam e mesmo assim, cresci as fazendo. Depois, quando mais velha, aprendi a gostar de ser mulher. Comecei a gostar de brincos, sapatos e me tornei uma mulher de verdade, com várias habilidades e conhecimentos masculinos. Tinha esse sentimento porque sou de uma cidade com cultura muito machista e sempre sofri com essa descriminação. É triste pensar, como já presenciei, que se uma mulher faz sucesso é porque teve um caso com alguém, ou usou de outros critérios que não os convencionais. Mesmo assim, acredito que a mulher tem conquistado um espaço significativo na arte, no ambiente corporativo, no mundo. Nós conquistamos todos os dias o respeito e o reconhecimento merecido.Acredito que muita coisa ainda vai mudar nesse contexto. Mas vale o pensar sobre a seguinte óptica, se tivemos uma humanidade mais justa, com princípios éticos definidos, não só esta como todas as outras desigualdades serão apenas um passado sombrio do nosso tempo. Por isso sempre digo e reafirmo: precisamos, urgentemente, formar seres humanos melhores, precisamos de matéria-prima!

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