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Augusto Branco

Autor: Augusto Branco

LANA LEWIS: Vampiros e cortesãs num romance imperdível

23/3/2012 - Várzea Paulista - SP

 

A trama de Neverending Shadows se desenvolve num universo bastante semelhante ao dos jogos de RPG. Como você faz para transpor para a literatura este universo tão dinâmico, místico e fantástico dos games? Eu sou apaixonada por RPG desde criança, então é um universo bastante familiar pra mim, tenho facilidade de escrever sobre isso. E quando estou escrevendo eu gosto de ouvir música, assim consigo imaginar com perfeição o cenário e a movimentação das personagens, suas expressões e sentimentos. Minhas trilhas preferidas são de bandas como Nightwish, The Fray, e Cradle of Filth. Dependendo da cena e da época uso uma banda diferente para descrever.

Neste processo criativo, ainda que a trama seja uma ficção, sempre há um envolvimento de quem escreve com as personagens, porque muito do que é escrito reflete o mundo interior e a forma como a realidade é percebida por quem escreve. Você sentiu alguma dificuldade em escrever coisas tão sinistras quanto as descritas em teu livro? Sim, os momentos que menos gosto são aqueles em que Caleb é cruel, não só com Anise, mas com todos as outras personagens. Caleb é frio, orgulhoso, alguém que eu nunca seria, então é ruim escrever essa parte, demanda um esforço bem maior. Mas pra compensar há passagens muito prazerosas de escrever, como quando Anise está lendo a história da Bela e a Fera para Sophie e Emily. É um dos meus clássicos preferidos e tem muito a ver com a história de Caleb e Anise. Recontar parte da história com minhas próprias palavras foi muito bom e eu gostei bastante do resultado.

Apesar de toda a atmosfera gótica e até sinistra do livro, a trama tem seus principais desenlaces e conflitos em torno de um romance entre os protagonistas, que são um vampiro e uma cortesã... Este é um casal bastante inusitado. Como surgiram estas personagens, afinal?  Eu estava ouvindo músicas do Nightwish quando a canção The Passion and the Opera, que fala exatamente sobre uma cortesã, inspirou-me a criar Anise.  Passei praticamente o dia todo ouvindo a música e escrevendo as primeiras páginas do livro. Já Caleb foi inspirado em uma personagem do RPG que eu participo. Ele é um vampiro cruel e orgulhoso que sempre precisou decidir entre a pessoa que ama ou seu poder - esse é um dos principais conflitos dele durante toda a história.

E a personalidade de Anise – excetuando o fato de que ela é uma cortesã - seria um alter-ego de Lana Lewis? Na verdade, a personagem com a qual mais me identifico se chama Emily - ela é uma das empregadas de Caleb Murdock. Emily sofreu muito, mas ainda assim acredita na bondade de cada pessoa, e é uma das poucas pessoas que possuem o afeto verdadeiro de Caleb. Eu gosto bastante dela por ela ser verdadeira e ser uma pessoa simples, que sabe apreciar as pequenas conquistas que tem em seu caminho.

A literatura mundial é prolífera em histórias sobre vampiros, e entre tantas histórias de vampiros que já foram contadas, quem você acha que vai amar ler Neverending Shadows? Os leitores de Crepúsculo? De Drácula? Ou os fãs de RPG? Acho que um pouquinho de cada um. Caleb certamente agradara os fãs de Drácula porque ele é um vampiro cruel, um vampiro que muitas vezes deixa sua natureza falar mais forte, até mesmo com as pessoas que ama. Em sua maldição ele muitas vezes acabara fazendo Anise se afastar, mas sempre fará de tudo para tê-la de volta, até ter o desfecho que o livro tem. Vale lembrar que a obra foi dividida em duas partes e o final da primeira parte não é o final do primeiro livro. Quanto aos fãs de Crepúsculo, a pitada de romance é garantida, como eu disse, apesar de sua natureza Caleb fará de tudo para manter Anise a seu lado, engolindo muitas vezes seu orgulho e seus instintos para tentar fazer a moça acreditar nele, fazê-la se lembrar do passado que ainda permanece vivo nele. Referente aos fãs de Rpg, o livro é baseado nas maiorias das regras e tradições utilizadas no tabuleiro, portanto como havia dito, a história acabara servindo bem para muitos públicos embora eu acredite que o conteúdo da obra não seja voltado tanto para o público mais jovem (menos de dezesseis anos) como Crepúsculo e outros livros que vêm sendo lançados.

 

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