ColunistasCOLUNISTAS

Augusto Branco

Autor: Augusto Branco

JIVAGO ACHKAR: Acima das nuvens

17/3/2012 - Várzea Paulista - SP

 

O livro Acima das Nuvens é uma coletânea de poesias de tua autoria, e apesar de versar sobre os mais diversos temas, como amizade, esperança, e ter reflexões existencialistas e filosóficas, percebe-se a forte presença do romantismo em sua obra. Você se considera um poeta romântico? Bem, acredito que busquei mais inspiração nas experiências amorosas que tive. Não há como não ter inspiração vivendo intensamente esses amores. 

Acima das Nuvens foi escrito entre 2007 e 2011. Uma curiosidade sobre isso é que no o ano em que você começou a escrevê-lo foi também o ano em que você começou a trabalhar na Sociedade Portuguesa de Beneficência – esta atividade teve influência em tua obra? Acredito que boa parte das poesias existencialistas que escrevi foi devido aos momentos que pude vivenciar na Sociedade Portuguesa de Beneficência, hospital em que trabalho. A princípio, eu era um garoto de 17 anos com seu primeiro emprego. Não adquirira todas as responsabilidades que tenho hoje, em um cargo acima do que eu tinha na época. Foi quando comecei a fazer plantões noturnos que vivenciei momentos indiscutivelmente tristes e que me fizeram refletir sobre muitas coisas. Durante todos esses anos, trabalhando em um ambiente denso como aquele, busquei jogar no papel todos os sentimentos que possuía. Além de poesias, versos e letras de música, trabalhei também em contos e textos que publiquei posteriormente no meu blog. 

A poesia tem algo de música e algo de imagem também. Na sua poesia, quais são as suas maiores influências? Digo, aquelas que extrapolam o campo das letras (na música, no cinema e nas outras artes)? E como é, justamente, traduzir essa inspiração sinestésica em palavras? Tirando a primeira parte (Através de Um Pôr do Sol), não há uma poesia sequer que não tenha sido escrita com uma música de fundo. Sempre me inspirei ouvindo uma determinada composição. Acredito que se não houvesse música, não teria escrito nem metade do que escrevi até hoje. Toda vez que coloco uma música para tocar, muitas imagens vem na minha cabeça. Muitas vezes, me inspiro em histórias quando ouço música. E devo dizer que estou trabalhando em um romance todo inspirado em uma única música. É o poder da imaginação misturada com a arte musical e claro, da escrita. 

No livro, você pontua em “Se Você Soubesse” um relacionamento com uma série de poesias, que possui começo, meio e fim. Não é muito duro pensar que os relacionamentos por mais intensos que sejam, são ao mesmo tempo fugazes em sua essência? Sim, é muito duro pensar que as nossas relações se tornam algo fugaz na maioria das vezes, por mais que esperemos que elas atinjam um nível maior e por mais que tentemos com todas as nossas forças manter tudo equilibrado. Porém, acredito que por mais breve que sejam, elas nos trazem amadurecimento e coragem para enfrentar experiências futuras. Serei Jivago somente uma vez na vida? Quem pode provar o contrário? Por essa razão que vivo minhas experiências da forma mais intensa possível. Elas provocam marcas, devo admitir, mas me deixam incrivelmente feliz por tê-las vivido. Sou o homem que sou hoje por causa de todas essas experiências, felizes ou não. 

Nota-se que a paixão, a dor, o ciúme e a perda, aparentemente, são os catalizadores mais potentes de sua escrita... Acredito que sim, a paixão, a dor, o ciúme e a perda são os elementos que mais estão presentes em mim, desde que me conheço por gente. E, por trabalhar em um hospital, presencio mortes, sofrimentos familiares, desespero e, quando tenho sorte, um pouco de alívio e felicidade. Quando estou feliz, dificilmente escrevo uma obra tão significativa quanto se eu estiver triste. Acho que quando estamos mais sensíveis e frágeis, buscamos refletir de uma forma mais profunda. Minha inspiração vem basicamente daí. É assim que escrevo, hoje e sempre.

Compartilhe no Whatsapp